Fulana já não mais fala de sua idade, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, é do signo de Peixes com ascendente em Touro e lua em Áries. Fulana tem um nariz perfeito, indicadores tortos e caligrafia reta. Fulana tem constantes sobreposições cinematográficas, morreu diante de uma porta que escondia um leão, por não conseguir resolver o problema mais simples de uma aula de lógica quando ainda cursava psicologia. Fulana lê livros pela metade e é tida como escritora por ter publicado um livro de poemas através de um prêmio literário baiano em 2002; sofre de duodenite; é ansiosa e meio melancólica; tem insônia e tenta pensar em estudar para as provas do mestrado. Fulana, sentada numa cadeira, digita informações num Blog, sabendo que não terá muita paciência para recomeçar a postar frases interessantes com alguma frequência. Fulana é mesmo esquisita e não cumpre os compromissos com seus amigos que já não esperam nada de Fulana. Fulana é uma porta que tem um leão dentro.
A poesia de Fabrícia Miranda vem revelar uma poética feminina eivada de sangue e suor.
Em Fabrícia Miranda, há um estado acima da loucura e da razão, algo que só quem está antenada com anjos que tocam trombetas e sopram nos ouvidos versos líricos pode dar o ar da graça (...)
Seus olhos são como esmeraldas e de tão linda, já é um poema que Deus nos legou. Adoro a poética e a pessoa de Fabricia Miranda e como amo!
Miguel Carneiro
(...) E há ainda o caso da Fabrícia Miranda, também vencedora do Braskem, de 2002. Quem quiser ler boa poesia que vá ao blog da moça.
A poesia de Fabrícia Miranda é "curta e grossa", mesmo quando lírica. Há sempre destroços no asfalto, mas uma esperança de que chegue logo o resgate - que é sempre ela mesma, a poeta. Tudo o que ela escreve acerta nossa veia. Mas não se trata de poesia meramente "violenta". A poesia de Fabrícia é muito bem escrita, revela forte conhecimento do idioma e seus melhores recursos, além de evidente maturidade para com seus sentimentos e a forma menos óbvia de manifestá-los. Tenho estado muito cansado com o que chamo de "poemas sensíveis demais", feito por mulheres que falam de uma borboleta, da brisa, do ocaso, dos passos da bailarina etc... São sempre poemas anódinos, pálidos, anêmicos, aquele tipo de escrita que espera do cotidiano de bandeira toda a sua possível epifania... Ledo e ivo engano. A andorinha, o porquinho-da-índia e as pernas de Teresa jamais me disseram nada, e quando "atualizados" por essas mulheres, dizem o oposto do nada: um tudo niilista...
Henrique Wagner
Inegavelmente, um bonito poema, fazendo lembrar no andamento lírico, mas não na construção, nem a tônica sensual, o famoso "Leda e o Cisne" ("Leda and the swan"), do irlandês J. B. Yeates, do qual há uma bela tradução para o português de José Paulo Paes.
Florisvaldo Mattos, comentário sobre o poema "O cisne"
Meus votos de que ela continue a descobrir os mistérios da poesia! Conceição Paranhos
Poesia com forte ânsia, loucura, beleza, segredos do universo feminino, maravilhosa..
Luciano Fraga
Uma vez Pablo Sales me deu um livro de poemas da Fabrícia Miranda, e li de uma vez só. Maravilhosa poeta.
Nelson Magalhães
A programação da Bienal (Bahia-2009) está muito mais variada e atraente do que na edição anterior. A seleção dos poetas e cordelistas que participam de recitais (em três sessões diárias, às 18h, 19h10 e 20h20), organizada por José Inácio Vieira de Melo, tem sido um painel significativo da produção poética baiana atual, com representantes dos mais diversos estilos, dicções, tradições, linguagens (e níveis de qualidade também).Do que até agora assisti, o que mais apreciei foi a segurança com que Fabrícia Miranda apresentou seu trabalho, atendo-se à palavra e ao texto e evitando o que poderia facilmente descambar para arroubos emotivos.
... Eis Fabrícia Miranda, menina com um amarelo esverdeado onde Oxum se percebe pelas palavras e pelo cheiro. Estes, símbolos da menina e da poeta. Delicada, sensível, capaz riscar as mãos com sua própria espada, só para seguir em defesa de seu destino. E como o destino de uma poeta é um encanto, Ora ye ye; que a loucura sempre ritualize nossa criação, porque a nossa loucura é viva.
O surrealista brasileiro Ismael Nery; a geometira dourada e erótica do G. Klimt; a arte digital, infantil e perturbadora do inglês Ray Caesar. A passionalidade de Camille Claudel.