Klimt - O friso Beethoven
A FÉ DOS PUROS
Lá onde estão os humanosempilhei pedras e areia
consolidei montanhas, cavernas
e caminhos sinuosos.
Estendi minha escuridão antiga à
minha escuridão futura.
Encantei serpentes,
pus a dormir em sacos
alimentei-as com maçãs e mel.
Com clareza de voz,
li evangelhos sobre almas
menores que rostos,
e semblantes magros e profundos
que são seus próprios espíritos.
E muitos foram os que me seguiram
entre gigantes, amantes vingados,
mulheres e seus sobressaltos.
E adentramos a infinita solidão
dos que recebem as incumbências de um mundo
que não nos são ditas
entre as sarças na paisagem de nossos sonhos.
No milagre difícil,
de um silêncio do haver sem respostas,
amamos humanamente
o Deus sem qualquer promessa,
perdoamos nossas mágoas e medos,
repreendemos a grande tentação
de aguardar o infalível socorro.
E assim, estendidos à escuridão
do grande céu do ermo distante,
somos os primeiros a enxergar,
pacíficos e sem surpresas,
a semelhança.
2 comentários:
Muito bom e também muito ousado.
Abraço
É por essas e outras que eu te amo... Henrique Wagner
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