A VALSA DOS MEUS VESTIDOS
Medéia: a noiva premonitória
Eu já não sou a que suspende os vestidos
e já nem sei se os tenho alinhados
e já nem sei se os tenho alinhados
para as minhas bodas.
...
Não quero mais sair de tua casa
e plantei um girassol onde o vento é mais ameno.
Meus pressentimentos murcharam no seco dos teus lamentos
e plantei um girassol onde o vento é mais ameno.
Meus pressentimentos murcharam no seco dos teus lamentos
e a fruta que guardava
escondida no côncavo das mãos.
De mim, fiz o que querias
Mas veio junto outra parte daquilo que juntei entre os dedos.
Por isso, tenho esse jeito de olhar adiante do que existe.
Por isso, tenho esse jeito de olhar adiante do que existe.
Passei o meu tempo a fiar anjos que te protejam
nas canções que aprendi com minha avó
e com todas as noivas que vieram antes dela.
...
Eu já não sou a que suspende os vestidos
e já nem sei se ainda os tenho alinhados
para as minhas bodas.
Klimt - Esperança II 1807-08
5 comentários:
Belíssimo poema.
Este sim, um poema bem confessional... Aliás, Fulana Miranda, seja ela quem for essa louca a escrever em pedaços de papeis soltos que encontro entre livros. Acho que também gosto do poema... o segundo de minha série de Noivas, postado aqui, (meio Clodovil) e epitalâmicos poéticos das bodas que viraram apenas confissões, escritos e comentários...
Um grande beijo a todos que trouxerem suas mensagens...
As identidades e papeis estão sempre mudando, apenas não devemos criar raízes nas máscaras que assumimos... deixemos as raízes ao que precisa de profundidade: nossos segredos, família, amigos e vida, vida, vida, mas aquela feita do que é palpável e real... porque, também a poesia é palpável e real como os olhos grandes de uma amiga distante e que temos certeza que vemos diante de nós, a nos dizer boas frases, todos os dias.
Obrigada a todos, sinceramente, obrigada.
Olá, Fulana. Desde a leitura de "Rito de Espelhos", aguardava o seu retorno. Parabéns, minha cara, por ressignificar vidas com a sua poesia. Aquele abraço.
Thiago
existe poema femenino? pra mim não.
pra mim existe poemas.
e a valsa é om poema, e dos bons.
confessional? sempre será.
o mais interessante, aliás é interessante por isso, é que desnuda um vida ou melhor nos apresenta uma vida e as palavras já gastas, aqui neste poema, golpeia com uma dinamica de garoto ou garota, e ainda por cima vestidas (as palavras) de uma nudez nada inocente a nudez da sinceridade.
poema sincero?
acho que não.
primeiro é um poema que traduz sua propria sinceridade e portanto é um poema de si pra si.
adorei e gosto muito do seu modo de escolher as palvras e de junta-las, como se nada fosse com vc.
bjos e obrigado por existir.
obs: vou publicar no braga e poesia. posso?
poema publicado tambem no www.ronaldobragas.blogspot.com
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